quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Miragem por Sandra Andrade
















MIRAGEM


Nas curvas do teu corpo, descanso o meu cansaço.
Nas curvas do teu corpo, me perco na miragem do teu ser.
Na luz dos olhos teus encontro a direção do meu destino.
Na madrugada da noite, encontro o teu olhar a divagar pela janela.
Na escuridão da noite, me debato de um lado para outro, só pra te encontrar. E o que vejo, é somente uma miragem a me olhar...
Chamo a sua atenção, mas não me vê.
Corro até você, mas não consigo te alcançar.
Grito pelo teu nome, mas não consegues me ouvir.
Olho pelo corredor da noite, e só vejo a miragem do teu ser, e nada mais.
Me viro e reviro sobre a cama fria e nada de te encontrar.
Corro ao teu encontro e não te encontro.
No reflexo da luz te encontro a sorrir.
Então corro até a luz e não vejo nada.
E de repente acordo do meu sonho,
vejo que nada não passou de uma linda miragem,
do teu olhar na calada da madrugada.


 Sandra Andrade

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

SE EU PUDESSE



















SE EU PUDESSE         

Viveria num outro mundo..., se pudesse...
Onde o homem não sujasse...
Onde cada um o outro respeitasse...
Onde o verde às florestas voltasse...
Devolveria ao nosso planeta o seu azul...,
Se pudesse....
Onde o rio livremente corresse...
Onde o peixe de novo nascesse...
Onde a arvorezinha feliz brotasse...
Onde o fogo jamais queimasse...
Gostaria que a guerra acabasse...
Que o ser humano a paz encontrasse...
Que tudo isto não fosse uma miragem...
Que de realidade se tratasse...
Que o homem ganhasse coragem...
Que finalmente de atitude mudasse...
Sozinha..., pouco posso...
Mas..., se eu pudesse...





Emília Pinto

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Por Carlos Albuquerque


















Miragem é lugar sem lugar. Por vezes nos vemos nela, mas não estamos lá. Outras, habita nela o homem fora de si próprio. A vida se assume, de quando em vez, como uma Miragem se intrometendo no nosso caminhar. Daí eu lhe perguntar.

Responde Miragem

Vou continuar a procurar o porvir
Não de dor mas de amor
Não de solidão mas de emoção
Um agora de existências pensadas
De cidades não desertas
Com ruas sem palavras pisadas
De gentes abertas
Em que as sombras sejam de luz
Ter nelas o que me seduz
Flores que não murcham
Rios que correm felizes
E às estrelas murmuram
Saudades de distantes Belizes
E perfeições imperfeitas
Sem vozes desfeitas
Vou continuar
Docemente
Por um cabelo teu andar
Teu rosto ameigar
Como quando eras fagueira
Procurar-te o olhar e nele deixar
Não um rio a orar
Mas mar a alagar a fogueira
Que meu coração sente
Me queima e contrista
Por te sentir a querer abalar
Emplumada e de crista
Sem quereres saber
Ir no vento do nada falar
Ó pedante e enleante
Ó cróia a valer
Com quem te dás tu?
Quem te disse, ó vida
O que me queres dizer?

Carlos Albuquerque